Finjo ser mulher o tempo todo.
Não, mulher que finge todo o tempo.
Finjo ser mulher quando sou poema.
Sou poema fingido de mulher.
Sou mais que mulher quando me poemo.
Sigo poe(a)mando pela vida a fora, enquanto a vida me ensina.
Me ensina que para ser mulher.
Tenho que ser poema escrito por mãos de menina.
Descrevo na pele nua.
Versos que rimam com o sol e a lua.
Descrevo a dor do amor.
Nessa descrição, a culpa é toda tua.
Chora a pele com a dor contida em cada letra.
Escrita feita a lápis, faca ou caneta.
Pouco importa a dor que causa, à pele já quase morta.
Ouve-se os gemidos dos poros e gritos do sangue nas veias.
Tudo isso acontece entre palavras inteiras ou meias.
Vão surgindo nos poemas, mulheres fortes e frágeis.
Uma puxando outra numa reação em cadeia.
Ah, que menina esperta!
Sabe ser mulher como ninguém, nas horas mais certas.
Ninguém desconfia que os poemas são da mesma cria.
Nem ela mesma sabe, quando escreve a mãe, ou, a fia.
Uma finge ser a outra, na mesma sintonia.
Falo de mim mesma e nem me re(conheço).
Sou várias se me viro do avesso.
Quando sou dia, adormeço.
Quando sou noite, amanheço.
Sou menina/mulher/poema.
Ao tempo, não obedeço.
Sou dilema ...



| Laura Méllo

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