Palavras matam, meu bem. Não duvide disso, não queira testar se isso é verdade, não pague pra ver, não faça o teste, palavras ferem, aprisione a palavra que não preste, não pronuncie palavras que matam; ou se sentirás condenado antes mesmo de seres julgado. Palavras matam, meu bem. Matam em vida, sem direito a despedida, sem velório, lágrimas nos olhos, sem choro nem vela. Não dá tempo pra nada di sso. Sei o que digo. E digo, como vítima, não como algoz. E digo mais: nada pior que uma palavra feroz. Renasci, porque perdoei os meus agressores. Mas não é fácil perdoar e passar por cima dessa morte e de suas dores. Jamais cultive navalhas em sua boca, por favor, cultive flores. ____________________ •☛ Laura Méllo / © Cristina Otero