Tem vida que mata a gente. e não mata assim, de repente. mata aos poucos, lentamente. primeiro vai matando as doces realidades. depois, mata as poucas vaidades as ambiguidades as pluralidades a jovialidade as forças, que já são tão poucas a voz, quase mais nada sai da boca a vontade de chorar de sorrir de ficar de ir a vontade de comer de crer de viver mata, todas as vontades. mata tudo que é vital. e por último, vem o golpe fatal; mata os sonhos. esta sim é a morte real. tem vida que mata a gente. ____________________ •☛ Laura Méllo / © Stéphane Grasset
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