Tem vida que mata a gente.
e não mata assim, de repente.
mata aos poucos, lentamente.
primeiro vai matando as doces realidades.
depois, mata as poucas vaidades
as ambiguidades
as pluralidades
a jovialidade
as forças, que já são tão poucas
a voz, quase mais nada sai da boca
a vontade de chorar
de sorrir
de ficar
de ir
a vontade de comer
de crer
de viver
mata, todas as vontades.
mata tudo que é vital.
e por último, vem o golpe fatal;
mata os sonhos.
esta sim é a morte real.
tem vida que mata a gente.
____________________
•☛ Laura Méllo / © Stéphane Grasset
Se sou leve, sinto que posso voar. Mesmo que a vida me pese, o infinito, eu posso alcançar. Não pertenço ao chão. Perdão! Caminho sobre a terra, mas pertence aos céus, a minh'alma e o meu coração. Bailo no ar, quando escuto uma bela canção. Melodias celestiais, fazem-me percorrer os quatro cantos da terra, ancorando-me em cada Cais. Sou anjo sem asas. Sou fogueira sem brasas. Sou aprendiz das palavras. Sou a fé que caminha. Sou órfã, sou sozinha. Sou na minha solidão, a água e o pão. Sou um poço sem fundo. Sou do tamanho do mundo. Sou amor profundo. Sou afetuosidades. Sou transparente, sou verdade. Sou de mim mesma, quase um jubileu. Sou templo de Deus. Sou a menina dos olhos seus. ✻ laura méllo
Comentários