Apesar de eu ter raízes fortemente enfincadas no chão, que vento algum faz desprender-me de lá, sinto que sou passageira.
Nunca estive durante muito tempo na vida de alguém.
A solidão me acompanha como se fosse um pedaço de mim, a outra metade da metade da laranja que sou.
Nunca me faltou amor, isso é verdade.
Mas pudera, sou composta por todos os amores que senti e sentiram por mim. 
Até mesmo aqueles amores que achavam que sentiam, mas que na verdade eram apenas um gostar um pouco mais intenso e menos que o amor verdadeiro.
Pertenço a uma classe de pessoas que partem antes mesmo de chegar. Porque é essa a sensação que fica depois de cada "adeus", ou um "até já".
O problema é que o apego sempre foi o meu forte, ou, o meu ponto fraco.
Me apego a tudo e a todos como se algo ou alguém realmente me pertencesse. Sendo que tenho a plena consciência de que nada nos pertence.
Sou de passagem, sendo passageira, sou viagem.
Paro em determinadas pessoas em cada estação.
Paro, e elas é que vão embora deixando um pouco de si dentro de mim.
Sou passageira não por opção, mas por condição.
Nasci condicionada para ser exatamente como sou.
Acredito que minhas raízes existem para que eu não me perca, para que eu não me desvie dessa rota que foi determinada a mim. Para que eu não vá atrás dos meus apegos.
Sinto-me estacionada.
Mas com a liberdade de ter vivido histórias certas, mas também erradas.
Sou uma andarilha caminhando em círculos.
Sou o que ninguém imagina.
Quem pensa que sou "isso", mal sabe que "aquilo".
Aquilo, aquele lugar que todos acham bonito, arejado, climatizado, mas que ninguém quer se fixar.
Alguns nascem para ser sós a vida inteira.
Posso até estar equivocada neste meu pensamento, porque sou tão falha quanto cada lasca das minhas raízes.
Mas é melhor ser passageira na vida dos outros, do que caminhar com eles sendo infelizes.
Aceitar ser quem somos e do jeito que somos, é saber que ir contra a nossa natureza é um prato servido a mesa e que não somos obrigados a sequer prová-lo.
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•☛ #lauraméllo


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