Eu não penso como as mulheres do meu tempo.
Penso como eu mesma. 
Penso como devo pensar. 
Penso, repenso, trepenso e penso novamente. 
Penso diferente. 
Penso como antigamente.
Penso e não me enquadro no quadro em que "estou".
Quadro atual, moderno demais.
Quadro de gente redonda, que anda, anda, anda em círculos, dando volta em torno de si mesma.
Têm o futuro nas mãos.
E no entanto, retrocedem para qualquer direção.
Simulam falsas felicidades e morrem por dentro de saudades.
Saudades do quê? ah, de tantas coisas...
Coisas que nem mesmo elas sabem.
Acho que no fundo, bem lá fundo, todos são como eu.
Uns não se dão conta disso, outros, tomados pela melancolia, até desconfiam.
Até os que se sentem futuristas, creio que no seu íntimo, sentem que tudo depende das coisas de antigamente.
Que nada foge dos acontecimentos que marcaram épocas.
Que tudo que foi, é e pra sempre será.
Que o futuro nada mais é que o momento chamado, já.
Que "já" de agora é um resquício de outrora.
Sou antiga, sou retrô, sou vintage assumida.
Penso que não sou do momento atual; sou de antigamente.
Gosto de pensar em tudo que me arremeta ao passado.
Mesmo que neste passado eu não estive presente.
Minha alma é arcaica, minha mente não se adéqua ao novo, e tudo que penso e sou se reflete no meu corpo.
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•☛ #laura méllo / © Monia Merlo
 
 
 

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