Morro quando acordo.
Morro de sono por ter dormido tão pouco;
Morro de tédio das mesmices desnecessárias;
Morro de orgulho de ser quem sou;
Morro de frio pela falta de um pouco mais de calor humano;
Morro de sede de palavras doces no meu cotidiano;
Morro de fome da justiça que falha diante da minha vista;
Morro de vontade de receber um milagre;
Morro de esperança que é grudada a uma fé que não cansa;
Morro de coragem, o que me falta são as oportunidades;
Morro de medo que o medo me agarre;
Morro de velha, vendo o tempo acelerar a minha idade;
Morro de dor vendo a dor do sofredor;
Morro de rir das coisas sem graças, sorrio, só pra fazer um favor;
Morro de contente observando a felicidade alheia;
Morro de admiração, olhando pro mar sentada na areia;
Morro de viver, morrendo e vivendo a cada amanhecer;
Vivo quando durmo.
Ah, vivo dormindo e vivo muito!
Vivo quando no sonho posso existir no melhor de todos os mundos.
Vivo me vestindo de sonhos lindos;
Vivo a me despir de tudo quanto é coisa ruim.
Vivo tão pouco fora. Vivo bem mais em mim.
Vivo sonhando em voar ...
pelo azul do céu ...
pousar no azul do mar ...

Laura Méllo ✍

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