Morro quando acordo.
Morro de sono por ter dormido tão pouco;
Morro de tédio das mesmices desnecessárias;
Morro de orgulho de ser quem sou;
Morro de frio pela falta de um pouco mais de calor humano;
Morro de sede de palavras doces no meu cotidiano;
Morro de fome da justiça que falha diante da minha vista;
Morro de vontade de receber um milagre;
Morro de esperança que é grudada a uma fé que não cansa;
Morro de coragem, o que me falta são as oportunidades;
Morro de medo que o medo me agarre;
Morro de velha, vendo o tempo acelerar a minha idade;
Morro de dor vendo a dor do sofredor;
Morro de rir das coisas sem graças, sorrio, só pra fazer um favor;
Morro de contente observando a felicidade alheia;
Morro de admiração, olhando pro mar sentada na areia;
Morro de viver, morrendo e vivendo a cada amanhecer;
Vivo quando durmo.
Ah, vivo dormindo e vivo muito!
Vivo quando no sonho posso existir no melhor de todos os mundos.
Vivo me vestindo de sonhos lindos;
Vivo a me despir de tudo quanto é coisa ruim.
Vivo tão pouco fora. Vivo bem mais em mim.
Vivo sonhando em voar ...
pelo azul do céu ...
pousar no azul do mar ...
Laura Méllo ✍
Se sou leve, sinto que posso voar. Mesmo que a vida me pese, o infinito, eu posso alcançar. Não pertenço ao chão. Perdão! Caminho sobre a terra, mas pertence aos céus, a minh'alma e o meu coração. Bailo no ar, quando escuto uma bela canção. Melodias celestiais, fazem-me percorrer os quatro cantos da terra, ancorando-me em cada Cais. Sou anjo sem asas. Sou fogueira sem brasas. Sou aprendiz das palavras. Sou a fé que caminha. Sou órfã, sou sozinha. Sou na minha solidão, a água e o pão. Sou um poço sem fundo. Sou do tamanho do mundo. Sou amor profundo. Sou afetuosidades. Sou transparente, sou verdade. Sou de mim mesma, quase um jubileu. Sou templo de Deus. Sou a menina dos olhos seus. ✻ laura méllo
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