Hoje mergulhei no passado.
Me perdi no tempo e no espaço.
Revivi os meus melhores momentos.
Revirei sentimentos.
Literalmente voltei no tempo.

Não perdi o fôlego, não me deu câimbras nos braços.
Não tive dor, portanto não chorei.
Feliz fiquei.
A fundo mergulhei.

Fui até a minha infância.
Ah, doces lembranças!
Percorri o jardim da minha vó.
Ela estava sentada à mesa da cozinha.
Sentei no colo dela.
Não quis deixá-la sozinha.

Ela olhou-me sorrindo e disse com os olhos marejados:
- Você quer ouvir algumas histórias minha netinha?
- Sim, vó!
Conte-me todas de uma vez só.

Ela não entendeu o porque da pressa.
Então falei;
Vó, o tempo passa rápido.
E daqui a pouco esse nosso momento se esgota.
Terei que voltar ao presente.
Mas o melhor vó, é que irei levar comigo esses momentos da gente.

Então ela se apressou.
Me envolveu com amor.
Contou-me um monte de histórias que eu já sabia.
Meu Deus, minha vó caducou?
Não! Ela simplesmente me saudade-ou.

Já não eram mais aquelas mesmas histórias
que ficaram na minha memória.
Elas tinham o gosto diferente.
Tinham sabor de poesia.

E de repente voltei ao tempo presente.
Contente, muito contente.
Mesmo com o gosto salgado de água do mar na boca, estava feliz.
Pois misturado as lágrimas de saudade com felicidade, havia um azul celeste no céu da minha boca e o brilho das estrelas nos meus olhos.

Agora não tenho a menor dúvida, que é no céu que fica guardado os nossos melhores momentos e as melhores e inesquecíveis pessoas do nosso passado.

∫ Laura Méllo

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